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Nesses
tempos de agora
em que posso me aproximar dessa janela e ver o que ocorre lá
fora,
percebo realmente que muitas almas se perdem nesse mar de interesses difusos,
organicamente
arquitetados
para que o sistema que nos mantém aconteça em conforme.
Nesses fatos distorcidos quando a vida realmente seguiu como de fato era de sua
natureza seguir.
Quantos de nós
tivemos de nos entregar para proteger
ao que de fato não se move à sua
própria proteção?
A sabedoria.
Os fatos.
Os fardos.
A vida dos
homens nessa terra.
Afamadas e distintamente
definidas pela essência do princípio,
as suas
convergências, suas distâncias.
Uma fonte de
desespero constante em cada coração
como se esse que nos aflige agora fosse uma mísera gota que cai da face esquerda do que vemos.
Como se cada
alma presente entre nós não se fizesse de igual carne,
igual forma,
igual sangue.
Como se não
houvesse mais causa,
algo em nome do qual se proponha a defender.
Como se a
ponte entre o que somos e o que queremos não fosse o bastante para que se fizesse
sentido.
O sentido
embargado por aqueles que não suportam a simples vista desta janela.
Do canto que
posso ouvir após essas palavras não me vem a memória
outra coisa
senão a certeza de que algum dos de nós se despede agora,
partindo para onde sua verdadeira essência repousa
onde o mal não a pode
corromper,
nem a pode tocar.
Onde não há
conceitos nem verdades,
nem nada do qual se faça orgulhar,
porque lá o orgulho não existe.
A verdade
existe
A verdade se
apresenta
como
a
luz
que ofusca o tempo.
Que ainda
ofusca meus próprios olhos.
Que ainda
aquece
demasiado minhas intenções.
Que ainda
me
desperta temores do que possa me revelar.
(...)
Que
nessa
busca pela ordem e pureza,
não nos tornemos como aqueles que nos temem ou nos
odeiam.
Que
tenhamos
a chance de pelo menos fazer o possível
Que
esses corações
se libertem de todas as amarras.
Que
o tempo
nos permita ir um pouco mais além.
Que
o tenhamos para estabelecer as coisas
e
que
possamos apenas nos dar as mãos e
nos permitir sentir
seja a viçosidade
ou
a aspereza das mãos
Para que se
permita haver ainda que nesse tempo,
a face pura da verdade que se busca
esconder.
Desse lugar
onde não há passado ou futuro salvo o que trazemos na memória
o que podemos
buscar como alento é nada mais que as imagens que contemplo agora,
o tom de
vida que placidamente evolui lá fora.
De onde
estou, sinto esperança,
mas não me arrisco a questionar as razões dela.
Talvez
seja
para não ceder a inexorabilidade da existência
Talvez
porque
realmente ainda haja algo a se fazer.
Talvez
porque seja esse o papel,
Talvez
se a razão.
(...)
Não sei.
Nesse
momento a dúvida já me satisfaz.
Há coisas
que é sábio não saber.
Há coisas
que é sábio não tangir.
Há coisas
que é sábio não sentir.
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clarafreitashorta 2012
ESPELHO.
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